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Aproveitamento da água da chuva

Preservação da água: uma tarefa de todos e de cada um

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Equilíbrio é palavra de ordem para ações de sustentabilidade

No conceito de sustentabilidade, a palavra de ordem é “equilíbrio”, numa tentativa de aliar interesses econômicos e preservação ambiental sem acarretar grandes perdas para nenhum dos lados. Menos de 3% é o percentual de água responsável pela manutenção da vida no planeta. Subtraindo desse valor o desperdício e a poluição ocasionados por atividades humanas, por quanto mais tempo será possível continuar com esse padrão de consumo sem se preocupar com o futuro? Esse é o tema da terceira e última reportagem do UFPA em Série: Água. Até a próxima!

Ao contrário do que se acreditava, a floresta amazônica, uma das maiores que existem e a maior entre as florestas em clima tropical, não é o pulmão do mundo – já que o oxigênio produzido por suas árvores é todo, ou quase todo, consumido por elas mesmas. Da mesma forma, o pensamento de que recursos naturais podem ser explorados à vontade pelo homem, seja para uso próprio, seja para fins econômicos, também foi caindo por terra e, para tentar reverter ou diminuir os já inevitáveis efeitos da exploração, foi necessário que os diversos países se unissem para discutir o rumo de suas ações.

Água da chuva como alternativa – Seja na indústria, na agricultura (por meio da irrigação), nas áreas urbanas (para fins domésticos), seja nas áreas rurais (para abastecimento público), o aproveitamento da água das chuvas tem sido uma alternativa consciente de utilização desse recurso natural. Somando a isso a percepção de que muitos sistemas rurais de abastecimento de água não têm grande vida útil (por conta da falta de conhecimento das comunidades para realizar manutenção no sistema ou em razão da falta de materiais para realizar a tarefa), foi criado, em 2007, o Grupo de Pesquisa Aproveitamento de Água da Chuva na Amazônia, Saneamento e Meio Ambiente (GPAC Amazônia), na Universidade Federal do Pará (UFPA).

O principal objetivo é o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias sociais de abastecimento de água de chuva. Para tanto, o grupo realiza pesquisas interdisciplinares com a participação de professores pesquisadores, graduandos e mestres do Núcleo de Meio Ambiente (NUMA), do Instituto de Tecnologia (Itec) e do Instituto de Ciências da Educação (Iced) da UFPA.

Quantidade e qualidade - “Não há muitos limites para o aproveitamento da água da chuva. Ela pode ser usada em todos os setores (domiciliar, agricultura, pecuária, industrial), tanto para usos não potáveis quanto potáveis. Mas, independente da origem da água, deve-se atentar para dois aspectos básicos em termos de uso de água: quantidade e qualidade. No caso da água da chuva, em geral, ela está muito próxima da potabilização e pode ser usada no próprio local de captação, é possível que nem haja gastos com energia – o que demonstra grandes vantagens competitivas com relação à água retirada de outros locais”, afirma o professor Ronaldo Mendes, coordenador do GPAC Amazônia.

Pesquisas, resultados e perspectivas – De 2007 para cá, o grupo de pesquisa desenvolveu sistemas de abastecimento de água para comunidades rurais de ilhas de Belém, além de estudos do potencial de aproveitamento de água de chuva nas áreas urbanas. De acordo com o professor Ronaldo Mendes, resultados preliminares demonstram que esse potencial é de 18% a 36% na cidade de Belém – o que implica o fato de que, grosso modo, se todo potencial da água da chuva fosse utilizado em Belém, o déficit de abastecimento de água corresponderia a zero.

Por meio da Rede Paraense de Tecnologias Sociais (RTS-PA), o GPAC Amazônia tem ampliado, consideravelmente, sua atuação, ao elaborar projetos e realizar colaborações com Organizações Não Governamentais, setores do governo estadual e do município de Belém. A perspectiva é que as interações do grupo com a sociedade sejam ampliadas, para que o abastecimento de água na Amazônia inclua as águas pluviais, seja no setor público, privado, seja na sociedade como um todo.

“A água é um fator fundamental em termos econômicos, ambientais e sociais. Ela não está distribuída igualmente no planeta: há locais com mais e locais com menos água. Cada bacia hidrográfica tem sua quantidade específica de água e a utilização do recurso deve estar atenta a essa disponibilidade. Se todos usarem de acordo com o que dispõem, já será um grande passo para a preservação – mas isso não significa que quem tem muita água irá desperdiçá-la, mas usufrua dessa vantagem para melhorar sua realidade”, coloca o professor Ronaldo.

UFPA sustentável - Nesse sentido, os elevados índices de chuva característicos da maior parte da Região Amazônica brasileira contribuem para que sejam promovidas atitudes de responsabilidade social e ambiental que aproveitam o potencial das chuvas da região. Um exemplo é o Projeto de Captação de Água das Chuvas, uma realização colaborativa entre a Faculdade de Engenharia Sanitária e Ambiental, que disponibilizou os estudantes pesquisadores; a Faculdade de Engenharia Mecânica, que doou o reservatório de cinco mil litros; e a Prefeitura da UFPA, que executou o serviço. O projeto visa alcançar a sustentabilidade hídrica ao promover a conservação da água na UFPA, além de conscientizar a população quanto à existência de medidas que podem minimizar os impactos causados pelo desperdício de água e energia.

O projeto capta água das chuvas a ser utilizada na manutenção do Espaço Itec Cidadão, que, desde 2011, vem realizando atividades destinadas à sensibilização ambiental e à responsabilidade social. A água é utilizada para regar plantas e para a limpeza do ambiente.

Para finalizar, o professor Ronaldo dá dicas sobre o que fazer para que a água seja consumida de maneira responsável: “Como consumidor, é preciso evitar ações que provoquem a poluição das águas e a impermeabilização do solo, uma vez que tais ações prejudicam a qualidade das águas superficiais e a disponibilidade de águas subterrâneas. Quanto menos poluição e menos impermeabilização do solo, maior a disponibilidade das águas, menor os custos de potabilização e, por consequência, maior o número de pessoas atendidas pelo poder público. Evitar o desperdício de água tratada e aproveitar a água da chuva também são ações excelentes e favorecem a maior disponibilidade de água para aqueles que não a têm.”

Texto: Juliana Angelim – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Alexandre Moraes e Laís Teixeira
Publicado em: 28.03.2014 18:06

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